segunda-feira, 23 de junho de 2014

Egito: Justiça condena três jornalistas da Al Jazeera

Três funcionários da rede foram acusados de colaborar com o terrorismo e transmitir notícias falsas sobre o país. Decisão coloca liberdade de imprensa no Egito em foco.


Os jornalistas da Al-Jazeera Peter Greste (esquerda) e seus colegas Mohamed Fadel Fahmy (centro) e Baher Mohamed (direita) escutam o veredicto de suas penas (Khaled Desouki / AFP)

por Deutsche Welle
A Justiça egípcia condenou, nesta segunda-feira 23, três jornalistas da rede Al Jazeera a penas que variam de sete a dez anos de prisão. Eles são acusados de colaborar com a Irmandade Muçulmana e de transmitir notícias falsas com a intenção de distorcer a imagem do Egito no exterior.
O jornalista australiano Peter Greste, correspondente baseado no Quênia, e o egípcio-canadense Mohamed Fadel Fahmy, chefe da sucursal da Al Jazeera em inglês no Egito, foram condenados a sete anos de prisão. O produtor egípcio Baher Mohamed recebeu duas sentenças: uma de sete e outra de três anos.
Os três haviam sido detidos num hotel no Cairo em dezembro de 2013. Além de publicar notícias falsas e, assim, ajudar uma "organização terrorista", os três jornalistas também foram acusados de fornecer dinheiro, equipamento e informações a um grupo de 17 egípcios.
Além dos três jornalistas, quatro estudantes egípcios, que dizem não ter relação com a Al Jazeera e se queixaram de maus-tratos sob custódia, também foram condenados a penas de sete anos sob as mesmas acusações. Outros dois estudantes, entre eles o filho do líder da Irmandade Muçulmana, Mohamed al-Beltagi, foram absolvidos.
Dois funcionários britânicos da Al Jazeera e um jornalista de rádio holandês foram julgados à revelia e condenados a dez anos de pena. Recursos são possíveis em todos os casos.
O veredicto do tribunal egípcio veio após um julgamento em que promotores falharam repetidas vezes na tentativa de fornecer qualquer evidência concreta de que os jornalistas teriam produzido uma cobertura distorcida.
A Al Jazeera disse que as acusações são "infundadas, inaceitáveis e completamente injustificadas". Os escritórios da rede no Cairo estão fechados desde julho do ano passado, quando foram invadidos pelas forças de segurança, horas após o Exército depor o então presidente, Mohammed Morsi.
O julgamento dos jornalistas provocou indignação internacional em meio a temores em relação à repressão à liberdade de expressão e de imprensa no Egito. A decisão ocorreu um dia após o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, encontrar-se com o recém-eleito presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi, no Cairo.

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