segunda-feira, 10 de março de 2014

Propaganda não apresenta a mulher brasileira real

Realizada pelo Data Popular e Instituto Patrícia Galvão em maio do ano passado, a pesquisa Representações das mulheres nas propagandas na TV revelou que 56% dos entrevistados, homens e mulheres, consideram que as propagandas na TV não mostram as brasileiras reais.
A invisibilidade da mulher negra também foi destacada no levantamento, que apurou que 80% dos entrevistados consideram que as propagandas televisivas mostram mais mulheres brancas, enquanto 51% gostariam de ver mais negras nos comerciais. A maioria dos entrevistados também gostaria de ver mais mulheres com cabelos crespos/cacheados na publicidade, mas 83% veem mais modelos com cabelos lisos.


80% consideram que as propagandas na TV mostram mais mulheres brancas; e 51% gostariam de ver mais mulheres negras 

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83% veem as mulheres reais como sendo em sua maioria de classe popular, mas 73% consideram que as propagandas na TV mostram mais mulheres de classe alta

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73% veem mais loiras do que morenas nas propagandas na TV, mas 67% gostariam de ver mais morenas

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83% veem mais mulheres com cabelos lisos nas propagandas na TV, mas maioria gostaria de ver mais mulheres com cabelos crespos/cacheados

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87% veem mais mulheres magras nas propagandas na TV; 43% gostariam de ver mais mulheres gordas

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78% veem mais mulheres jovens nas propagandas na TV, mas maioria gostaria de ver mais mulheres maduras


Especialistas veem demanda por propagandas mais atualizadas

Segundo avaliação da diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, a pesquisa revela que a percepção dos entrevistados, mulheres e homens, é clara: a propaganda veicula modelos ultrapassados. “A irrealidade da representação da mulher é percebida pela absoluta maioria e há uma clara expectativa de mudança. Aqui se revela um paradoxo: se pensarmos a partir da lógica de mercado, pode-se dizer que anunciantes e publicitários, em razão de uma visão arcaica do lugar da mulher na sociedade e de um padrão antigo de beleza, não estão falando com potenciais consumidoras”, aponta.
“Nós, mulheres negras, somos invisíveis para a mídia, que não enxerga que tomamos banho, usamos xampu, comemos margarina, fazemos serviços domésticos, e, em particular, somos pessoas com poder aquisitivo”, exemplifica Mara Vidal, vice-diretora executiva do Instituto Patrícia Galvão. Para ela, existe aí “um racismo manifesto com relação à nossa capacidade, às nossas qualidades e ao nosso poder de compra”, pontua.
Para o diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, o principal mérito da pesquisa é mostrar como as empresas perdem dinheiro com a representação distante da realidade, uma vez que as mulheres movimentam hoje, no Brasil, um mercado consumidor de R$ 1,1 trilhão por ano e determinam 85% do consumo das famílias, segundo dados do próprio instituto. “Não estamos falando de um nicho consumidor, mas do principal mercado consumidor brasileiro. Então, há uma miopia do ponto de vista de oportunidades de negócios”, considera.
Para a vice-diretora do Instituto Patrícia Galvão, Mara Vidal, a polêmica campanha em "homenagem" ao Dia Internacional da Mulher produzida pela Riachuelo - retirada do ar após uma onda de protestos de internautas - reforça os resultados da pesquisa. "É a reiteração da invisibilidade da mulher negra e de uma visão estereotipada de que o papel social dos negros é servir aos brancos", afirma.
Sobre a pesquisa
Encomendada ao Data Popular pelo Instituto Patrícia Galvão, a pesquisa entrevistou 1.501 homens e mulheres maiores de 18 anos, em 100 municípios de todas as regiões do país, entre os dias 10 e 18 de maio de 2013.

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