domingo, 13 de maio de 2012

Alvo de críticas, Veja pede intervenção planetária na inteernet‏

Por Paulo Henrique Amorim, publicado originalmente em conversaafiada.com.br,


O site Veja (veja.com.br) defendeu uma “mão forte para fazer baixar, em nível planetário, um pouco de ordem e respeito sobre e reino virtual tão vulnerável. Enquanto não houver uma governança mundial centralizada sobre a internet,… será essa indecência… Veje ainda negou que seu diretor Policarpo Jr. houvesse recebido 200 ligações de Cachoeira. Foram apenas duas, afiançou.
Antes, Carta Capital tinha publicado novas denúncias contra o envolvimento da Veja com o bicheiro Carlos Cachoeira e uma resposta ao editorial do jornal O Globo sob o título “Roberto Civita não é Rupert Murdoch”. O diretor Mino Carta acusou o jornal carioca de tomar as dores da revista Veja e de seu patrão: “Em cena, o espírito corporativo. Manda a tradição do jornalismo pátrio, fiel do pensamento único diante de qualquer risco de mudança”. Já o Conversa Afiada, repicou o ataque ao editorial global, com o artigo “PIG (Partido da Imprensa Golpista) – Globo sai da caverna e defende Rupert Civita”.
No longo post enviado às 17:54 hs. de sábado, 12/05/12, Veja justificou seu pedido de intervenção na internet alegando que os filtros disponíveis nos programas de mensagens já não são capazes de impedir as distorções que estariam sendo por maquinações de blogueiros, do PT, da China, do Irã e da Venezuela:
“Nas últimas semanas, diz o site da Veja, vazamento de informações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, e a subsequente instauração de uma CPI para investigar o contraventor Carlinhos Cachoeira puseram sangue nos olhos de certa militância petista.
“Adversários históricos do partido e desafetos do ex-presidente Lula, como o senador Demóstenes Torres e o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, podem sofrer graves punições políticas por sua proximidade com operadores do esquema de Cachoeira. Eles se tornaram alvo da artilharia de esquerda, que também se voltou contra outro alvo de longa data: a imprensa independente, e VEJA em particular”.
Insistiu que “uma das estratégias adotadas foi a organização dos chamados tuitaços, uma espécie de passeata virtual em que slogans, em vez de ser gritados nas ruas, são postos para circular na rede. Em pelo menos quatro desses episódios ocorridos em abril, ou militantes e simpatizantes petistas marcaram data e horário de cada evento ou registraram em inglês o significado das hashtags utilizadas ou mandaram as mensagens iniciais dos tuitaços”.
Assinalando que “no Twitter, rede social que em março teve 12 milhões de visitantes brasileiros, todos os dias despontam milhares de memes na forma de hashtags, que são slogans ou temas para discussão antecedidos pelo sinal #”, sustentou que “esse processo não apenas viola regras explícitas de uso das comunidades virtuais, mas também corrompe os princípios da livre troca de informações e opiniões na internet”, pois “é virtualmente impossível saber quem programou um robô malicioso — e isso envenena ainda mais as águas e mina as bases da comunicação de boa-fé na rede”.
A situação se torna preocupante, segundo Veja, quando os robôs que fraudam um serviço como o Twitter são postos a serviço da propaganda ideológica: “Mas a análise aprofundada desses episódios — e em especial daquele identificado pelo marcador #vejabandida — mostra que dois artifícios fraudulentos foram usados para fingir que houve adesão enorme ao movimento. Um robô, que opera sob o perfil “@Lu-cy_in_sky_”, foi programado para identificar mensagens de outros usuários que contivessem os termos-chave dos tuitaços, replicando-as em seguida. Além disso, entraram em ação “perfis peões”, ou seja, perfis anônimos, com pouquíssimos seguidores e muitas vezes criados de véspera, que replicam sem parar mensagens de um único tema (ou melhor, replicam-nas até atingir o limiar de retuítes que os tornaria visíveis aos mecanismos de vigilância de fraudes do Twitter”.
Por fim, o post da Veja culpa a China, o Irã e a Venezuela de inspirarem as distorções:
“Da China vem o exemplo mais alarmante desse tipo de fraude. O Partido Comunista Chinês arregimenta pessoas encarregadas de manipular a opinião pública inundando a internet com comentários favoráveis ao governo. Elas formam o chamado 50 Cent Party (Partido dos 50 Centavos), cujo nome remete aos 50 centavos de iuane — ou 15 centavos de real — que cada ativista supostamente recebe por post publicado. Dos mesmos teclados alugados saem ataques à democracia de Taiwan, território reclamado por Pequim. O exército digital de imposição da mentira oficial tem 300 000 integrantes na China.
“A teocracia xiita do Irã descobriu a força da manipulação em rede em 2009, durante a onda de manifestações populares que se seguiram às eleições presidenciais fraudadas pelo governo. Mais recentemente, revelou-se que Teerã tenta criar uma espécie de internet paralela, totalmente vigiada pelo estado. “A experiência mostra que movimentos ‘espontâneos’ de suporte a governos estão bem longe de ser realmente espontâneos”, diz Enrique Dans, professor de sistemas da informação da IE Business School, na Espanha.
““No Irã, na China e na Venezuela, há casos de movimentos que foram sistematicamente organizados pelos governos ou pelos partidos que os apoiam.” O Brasil acaba de ser admitido ao clube da vigarice digital oficial”.
2 e não 200 telefonemas – Em outro post do site, enviado às 06:53 hs. de 12/05/12, assinado por Reinaldo Azeredo, Veja afirma que “há duas ligações entre Policarpo e Cachoeira, não 200″, Mais adiante o site adverte: “Mas atenção! Ainda que houvesse mesmo 200 conversas ou que, sei lá, surjam outras 198 do éter, o que o número, por si só, provaria? Nada! Policarpo estaria, como estava, em busca de informações que colaboraram para a demissão de pessoas que não zelavam pelo interesse público. E quem as demitiu, repito, foi Dilma Rousseff. Não consta que esteja pensando em recontratá-las”.

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