quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Escândalo BBB: E se fosse na TV Brasil e se Bial ou os Marinho fossem ministros da Dilma?

Por: Helena Sthephanowitz, especial para a Rede Brasil Atual

Vamos sonhar um pesadelo irreal e imaginar que o programa Big Brother passasse na TV Brasil. E que os irmãos Roberto Marinho, em vez de donos da Globo, fossem Ministros da Dilma. Como estaria sendo a cobertura da Rede Globo no episódio da investigação de estupro de vulnerável?

O "ministro Roberto Marinho" estaria sendo implacavelmente cobrado pelo "malfeito" à moça, diariamente no Jornal Nacional, e nos outros telejornais.

Willian Bonner levaria ao ar reportagens de 10 minutos ou mais, com:

  • reconstituição da cena e simulação em 3D;
  • com o delegado falando tudo o que foi cortado na entrevista coletiva;
  • com entrevista dos inspetores e peritos que fizeram diligências nos estúdios;
  • as entrevistas seriam na porta da emissora, com a logomarca compondo o cenário;
  • cenas da polícia entrando e saindo da emissora seriam exibidas com destaque;
  • cenas da apreensão da cueca, calcinha, edredom e roupa de cama para perícia também seriam destaque;
  • um laudo do perito Molina seria encomendado para atestar o sono profundo da suposta vítima;
  • a opinião "em tese" do Dr. Gurgel, do Dr. Peluso ou de Gilmar Mendes seria colhida;
  • a opinião do bispo dom Luiz Gonzaga Bergonzini, do pastor Silas Malafaia, e do rabino Henry Sobel iriam ao ar;
  • a opinião de médicos sobre o grau de intoxicação alcoólica da moça, com direito a infográfico;
  • e, claro, a opinião dos senadores e deputados demos-tucano Álvaro Dias (PSDB/SP), Duarte Nogueira (PSDB/SP) e ACM Neto (DEM/BA).

Na Globonews, mesas-redondas:

o com advogados criminalistas e civis fazendo testes de hipóteses sobre penas, tentativa de obstrução da justiça e ocultação de provas, manter testemunhas e suposta vítima em situação de confinamento controlado por advogados da emissora (haveria quem insinuasse cárcere privado), omissão de socorro, apologia do abuso de álcool, indução a comportamentos sexuais agressivos, indenizações milionárias, ações penais e ações civis cabíveis, danos individuais e danos coletivos, responsabilidade da emissora, do diretor, da produção.

o com especialistas em comunicação, filosofia e ética para atestar violação dos termos da concessão da TV;

o com lideranças e ativistas de movimentos sociais pelos direitos da mulheres;

o com psicólogos e médicos forenses;

o com deputados da oposição;

o com jornalistas da casa para discutir a cobertura pela emissora, ocultando os fatos do telespectador no domingo e no telejornalismo da segunda-feira.

Jô Soares reativaria um "meninas do Jô" especial.

  • Lúcia Hippolito atestaria que a moça estaria tão vulnerável quanto ela quando viu o microfone de um tal de Lolito piscando.
  • Arnaldo Jabor diria que a emissora expulsou o "brother" por "mau comportamento na suruba".
  • Ali Kamel contestaria Boninho e diria que não somos racistas.
  • "Bill" Waack diria que até a imprensa internacional ficou indignada.

Todos exigiriam a retirada do programa do ar, punição máxima à emissora, demissão do "ministro Roberto Marinho" e do diretor do programa, etc, etc, etc. Pois se o que se passou no BBB acontecesse na TV Brasil, a TV Globo estaria certa em fazer quase tudo isso aí cima. Mas aconteceu na Globo, e não vemos nem realidade, nem show de notícias, para uma emissora que tem a exclusividade sobre diligências policiais ocorridas dentro de seu estúdio.

O noticiário sobre o fato na Globo é o mínimo necessário para não parecer omissão maior do que já se nota. Parece editado pelo departamento jurídico da empresa, seguindo aquela regra de não produzir provas contra si.

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