terça-feira, 16 de agosto de 2011

Artigo: Londres ameaça censurar internet e telefones

Por FC Leite Filho , no blog Café com Política

É curioso como as grandes potências ocidentais – Estados Unidos, Inglaterra, França etc – conseguem passar como paladinas das liberdades, quando bombardeiam, invadem e desmantelam países emergentes como o Iraque, o Afeganistão, o Paquistão, a Líbia e, muito provavelmente daqui a pouco, a Síria. Agora, a Inglaterra fala em censurar a internet e os telefones. Quanta democracia. Mas o fenômeno não é de hoje.
Alexis de Tocqueville, pensador francês do século XIX, que não era nenhum esquerdista, já constatava na sua época: “Os Estados Unidos conseguem se mostrar ao mundo como os campeões da democracia, enquanto suas forças, invadem, ocupam e anexam países”.

Provavelmente, Tocqueville (1805-1859) se referisse à tomada da metade do território do México (aí incluido o atual Texas, antes Tejas), na invasão de 1846-1848, e a outras tropelias. Mais tarde, em 1898, os estudanidenses anexavam Porto Rico, Guam e as Filipinas (na Ásia) e estabeleciam Cuba como seu protetorado, depois de várias invasões à ilha de Fidel Castro, invasões e anexações estas devidamente legalizadas e “legitimadas” pelo Tratado de Paris, de 12 de agosto de 1898.

O raciocínio pode servir para compreender o propósito anunciado pelo premier britânico, David Cameron, justamente aquele jovem líder britânico que, até há pouco, quando as redes sociais eram ativadas contra o Irã, a Líbia e a Síria, defendia com unhas e dentes, a liberdade de expressão e a internet, que, como ele dizia em fevereiro, “devem ser respeitadas, tanto na Praça Tahir (praça do C

airo) quanto em Trafalgar Square (Londres)”. Mas Cameron mudou de idéia porque sua polícia descobriu que os recentes distúrbios ingleses foram incentivados por mensagens enviadas pelos organizadores via Twitter, Facebook, ou o serviço de mensagem gratuita do smartphone BlackBerry (BBM). Enquanto isso, a BBC, aquele mesma reputada mundialmente pela alta qualidade de sua programação, fica incentivando os distúrbios na Síria, abrindo seus noticiários na web, rádio e TV para declarações e informações nem sempre confirmadas dos grupos responsáveis pelos levantes que assaltam o país desde 15 de março, em oposição ao governo de Bashar Al Assad. Hoje mesmo, o site em inglês www.news,bbc.co.uk, como mostra a foto, dava como acima de qualquer dúvida a declaração de um médico, que a BBC não identificou, de que o exército sírio estava invadindo hospitais para perseguir e matar pessoas.

No serviço de rádio (World Service), também transmitido pelo site, a emissora chegou até usar um ator para dar dramaticidade ao clamor do tal médico. Diz a notícia divulgada por volta da uma hora de hoje (GMT): “(traduzido para o português) Um médico na cidade síria de Hama disse que a recente operação das forças de segurança contra a oposição provocou sérios danos nos serviços médicos.



O médico disse à BBC que as pessoas estão se recusando a ir aos principais hospitais porque as forças de segurança estavam lá e mataram alguns dos feridos. Ele ainda informou que dois hospitais foram destruídos durante a ofensiva (do governo), que durou uma semana, e outros foram severamente atingidos”. Em seguida, a locutora, Fionna MacDonald, avisa que a voz do médico foi substituída pela de um ator. E o ator afirma: “Eu quero ressaltar que o número de pessoas mortas nestes ataques é de cerca de duas mil. Não podemos encontrar os corpos de muitos dos mortos, porque eles estão sob as casas destruídas pelos petardos. E alguns corpos foram levados pelas forças de segurança”. No final da notícia em texto sobre o médico, o site da BBC, há uma foto de criança apontando os dois dedos da vitória, pintados com as cores da bandeira síria, que também reproduzimos, e que praticamente, exorta a população a se subverter, quando afirma: “Syria takes the streets (Syria toma as ruas). Embaixo da foto, está escrito: “Você está na Síria? Como está a situação onde você está? Envie-nos seus comentários e experiências, usando o formulário abaixo (telefone, email, cidade, país)”. Nunca vi manipulação mais grosseira e como partiu da BBC, meu espanto é ainda maior. Confira tudo isso, clicando aqui.


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