Ao se transformar em ‘instância de poder’ – por perceber o vazio político das chamadas lideranças, grupos e discursos de oposição ao governo (PT) – a mídia brasileira aprofundou um processo de cegueira intencional: só vê o que lhe convém. Não se trata de algo recente, mas reincidente em nossa história de País.
Para alguns, principalmente por conta da desinformação, Getúlio Vargas precisa ser extirpado da história nacional. Mas ele poderia ensinar algo: a necessidade de ter um contraponto na mídia, razão pela qual incumbiu Samuel Wainer a fazer um jornal que cumprisse este papel de informar o outro lado.
Os tempos são outros. Hoje existe a internet, mas ainda existem milhões de brasileiros que se informam pelos meios tradicionais – TV, rádio, jornais e mesmo revistas deixadas nas antessalas de consultórios. É mais do que comum, por incrível que pareça, que entidades sindicais ditas ‘progressistas’ coloquem nas recepções aparelhos de TV sintonizados na... Globo. Perdem a oportunidade de colocar vídeos de suas lutas, de suas histórias.
É dentro deste contexto de politização da informação – gerando o processo de desinformação como sistemática de consolidação da dúvida - que causa espanto a forma como os chamados processos de higienização da política mostram a ‘realidade’.
No Brasil onde famiglias detém o controle da emissão da informação, só existem corruptos. Em nenhum momento, a nossa brava gente de um Brasil que não existe mais se dá ao trabalho de ir atrás dos corruptores. É a velha estratégia – do mesmo modo como os EUA querem, a pretexto de combater o tráfico, manter exércitos e bases militares em países da América Latina em lugar de cuidar do tráfico e consumo internos – de adequar algo às suas conveniências.
Por que, ao tratar de um aditivo, a mídia não coloca quais as empresas beneficiadas? Não seria mais lógico? Ou a imprensa não faz isso exatamente porque sabe que estas mesmas empresas também são beneficiadas por aditivos em governos estaduais e municipais ligados a eles (donos dos meios de comunicação)?
Ou não denuncia por que pode perder veiculação de publicidade? Ou há o risco de processos – aí residindo também uma razão pela qual esta mídia tradicional não tem coragem de denunciar os desmandos do Judiciário? Que estranha cumplicidade une grandes parcelas do Judiciário, a mídia, grupos de oposição e os corruptores...
Este silêncio todo atordoa, já disse o poeta.
E atordoa ainda mais pela incapacidade do Governo de reagir. De deixar claro que não existe apenas um lado da moeda. O justicialismo que hoje virou moda e mania da mídia não pode servir de biombo para acobertar o verdadeiro jogo que é jogado pela aliança destes grupos.
O raciocínio é simples demais: Quem corrompe A, também corrompe B ou C. Mas quem corrompe os corruptos não estará corrompendo também os justicialistas de plantão, os que querem higienizar a política não pelo processo dialético, mas pela imposição da mentira?
Acontece que o inimigo é A. E todos os olhos existem só para este foco.
Mas A não reage e assim uma realidade fictícia se transforma em Lei. No Brasil dos perdidos com as mudanças, só existem os corruptos...
Reitero: É preciso construir um contraponto na informação. O Governo do PT poderia aprender isto com Getúlio Vargas. Não adianta a militância ficar lutando nas redes sociais se o Governo continua injetando milhões da sociedade na veiculação de mídia em revistas, jornais e emissoras que omitem o Brasil dos brasileiros.
Volto a dizer: por que não informar, na própria reportagem, as empresas beneficiadas pelos aditivos? Mas fazer isto de modo sistemático – e com todos os governos.
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Curioso como um programa da Globonews para discutir a "apatia do brasileiro diante das denúncias de corrupção" não coloca na pauta o debate sobre o papel da imprensa. Três sociólogos omitem um dos eixos para a compreensão do comportamento da sociedade.
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