Afeganistão: TV entre a pressão religiosa e a política

Do Pay TV News

Trabalhar com pressões políticas e religiosas é desafio de canal no Farrell Meisel, CEO do canal afegão 1TV, apresentou na manhã desta quinta-feira, 16, no 12º Forum Brasil - Mercado Internacional de Televisão, os desafios da programação de televisão em um país marcado pela diversidade étnica e conflitos. Pressões políticas e religiosas marcam o dia a dia de trabalho, mas Meisel é otimista e acredita que como em qualquer outro lugar do mundo, a televisão e as novas mídias têm o poder de unir as pessoas, levar aos cidadãos o conhecimento dos seus direitos e auxiliar na construção de uma sociedade mais pacífica.

Meisel traçou um panorama do país: são 29 milhões de habitantes, vários grupos étnicos, 99% da população é muçulmana e apenas 30% é alfabetizada. A economia vem apresentando sinais de melhora com a queda do regime talibã em 2001. As receitas publicitárias para a mídia giram em torno de US$ 30 milhões anuais para a televisão, US$ 6 milhões para rádio e US$ 1 milhão para veículos impressos. O 1TV é um canal comercial que surgiu em 2009, financiado por sócios "corajosos", nas palavras de Meisel, publicidade e apoio da comunidade internacional para treinamento de equipe e aquisição de equipamentos.

Atualmente, a programação é composta por dramaturgia licenciada de países como Índia, Turquia, Colômbia, México e Estados Unidos. Há 50 horas de programação local semanal, entre programas informativos e de entretenimento. A primeira atração local de dramaturgia está em fase de pré-produção. Um dos programas locais de maior sucesso, um talk show chamado "The Mask", em que mulheres afegãs usam uma máscara para relatar os abusos que sofrem na televisão, teve bastante repercussão internamente e também na midia internacional.

O executivo aposta no desenvolvimento da mídia local e no poder das redes sociais, que está emergindo no país. "Temos sempre que evocar as liberdades, as democracias. É um processo de treino, ao mesmo tempo gratificante, desafiador e estressante", conclui.