sábado, 13 de novembro de 2010

Revistas segmentadas ganham espaço no mercado editorial

Do M&M Online

No último Fórum da Aner, Jairo Leal, presidente executivo da editora Abril e ex-líder da associação de editores de revistas, alertou para as possibilidades de ampliação do mercado de revistas, com perspectivas que apontam para até 200 títulos novos até 2020. Para comparar, o Brasil tem 2,5 mil títulos contra 4 mil dos Estados Unidos.

Mas será que o País poderá dar vazão a essa nova demanda? Na opinião de Alfredo Nastari sim, desde que as editoras olhem para os nichos que ainda não foram ocupados. "Eu lancei uma revista de história na Duetto e hoje o mercado já tem mais de dez publicações. Ficou saturado e autodestrutivo. Na França são apenas dois", analisa.

Com a proposta de crescer em cima de segmentos ainda não ocupados, ele está lançando dois novos produtos editoriais no mercado, com a bandeira de Editora Nastari. As bancas já receberam a Meridiani, um projeto que o publisher chama de "turismo monotemático". Explica-se: são 160 páginas dedicadas a um único destino, mas sem ser um guia. A revista não traz, por exemplo, serviços, como endereços. A ideia vai mais por apresentar matérias aprofundadas sobre temas como cultura, história e costumes do local. Ele lançou edições para Vaticano, Egito, Argentina e Mediterrâneo francês, com uma tiragem de 20 mil cada.

Outra oportunidade que ele diz ter identificado foi o nicho de homens de estilo que possuem motocicletas de alta cilindrada. Lançou para eles a mensal Riders, com tiragem de 20 mil, com a primeira edição indo para as bancas já neste mês de novembro. "Existem 12 revistas de motos no mercado, mas todas elas focadas no mercado, com dados técnicos. A Riders é uma revista de comportamento para o sujeito que está em cima da moto", compara.

Os próximos passos da editora de Nastari passam pela consolidação de seus dois primeiros produtos. Mas ele já apresenta ao menos mais um projeto que está no forno e deverá sair em março do ano que vem. Trata-se de uma série colecionável sobre aventura e esportes de ação. Os quatro primeiros seriam sobre mergulho, surfe, vida marinha e pesca esportiva. Na verdade, são manuais para prática da atividade em questão. "No Brasil, há uma grande prática deste tipo de esporte, mas o País não gerou uma produção editorial correspondente, ao contrário de Europa e Estados Unidos", diz Nastari.

O objetivo geral da editora é construir uma audiência majoritariamente masculina com 30 a 50 anos e que tenha hobbies como esporte ao ar livre, moto e que goste de viajar. Mas o Publisher não descarta um título para o público feminino no futuro. Além disso, ele parte do pressuposto que as mídias digitais já nascem integradas com os títulos.

A Meridiani, por exemplo, deverá ter em breve uma versão para iPad, embora ele analise que com apenas 30 mil aparelhos no Brasil, essa não seja uma perspectiva de curto prazo. Já Riders tem na internet um conteúdo independente da versão impressa. "Acho que o futuro das revistas está em apostar na qualidade e na experiência. Que o leitor tenha prazer em folhear. Ao mesmo tempo, o digital pode explorar outras características, como a rapidez, remissão a outros conteúdos e acesso a banco de dados", analisa.

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