Todo este acervo foi a leilão sem que houvesse interessados. Ou melhor, apenas uma pessoa se mostrou interessado em comprar este acervo calculado em 12 milhões de fotos,
cromos e negativos feitos por fotógrafos do quilate de Ronan Soares, Cláudio Alves, André Dussek (com estes três tive o prazer de trabalhar), Roberto Stuckert, hoje na Presidência da República (Alô Stuckert, dá um toque ai no Lula sobre isso!!!), Gervásio Baptista, Dettmar, dentre tantos outros. Nos tempos de ouro, a equipe de fotógrafos de Manchete ultrapassava a centena, espalhada entre o eixo Brasília-Rio-São Paulo, as sucursais nacionais e internacionais e free-lancers pelo mundo inteiro.
São fotos sobre quase tudo: atentado contra Carlos Lacerda na Rua Toneleiros, inauguração de Brasília, chegada do homem à Lua, abertura da Transamazônica, Serra Pelada. Em 1954, uma das capas que marcaram época foi a foto de Tancredo Neves chorando sobre o caixão de Getúlio Vargas.
Além dos funerais de Getúlio, lá também estão os de Francisco Alves, o Rei da Voz (1952), de Carmen Miranda (1955), as rebeliões fracassadas contra o governo JK: antes da posse, a bordo do navio Almirante Tamandaré (1955) e o levante de Jacareacanga, uma base na floresta amazônica, que estourou no sábado de Carnaval de 1956 e não durou muito.
Além dos funerais de Getúlio, lá também estão os de Francisco Alves, o Rei da Voz (1952), de Carmen Miranda (1955), as rebeliões fracassadas contra o governo JK: antes da posse, a bordo do navio Almirante Tamandaré (1955) e o levante de Jacareacanga, uma base na floresta amazônica, que estourou no sábado de Carnaval de 1956 e não durou muito.
No acervo estão os registros dos concursos de Miss Universo, inclusive a polegada a mais de Martha Rocha (1954), 12 Copas do Mundo de Futebol, inclusive a conquista da primeira Copa pela seleção brasileira em campos da Suécia (1958); o surgimento de dois movimentos que se tornariam sucesso até mesmo fora do país: a bossa nova (com suas principais estrelas, como João e Astrud Gilberto, Nara Leão, a dupla imortal Tom e Vinicius, Roberto Menescal e Ronaldo Bôscolie), o cinema novo, os festivais de cinema de Brasília.
Quem teve a oportunidade de trabalhar na Manchete, sabe que Adolpho Bloch tinha um insuperável padrão de exigência em relação as fotos, que chegava a assustar qualquer fotógrafo. Quado lá estagiei como repórter de texto, em 1977, a primeira lição que aprendi do meu então chefe, Sérgio Ross - ele também um fotógrafo de formação - foi: "aqui na Bloch o lead é a imagem, é a fotografia".
Bem, todo este acervo foi a leilão, com um lance mínimo de R$ 1.249.249,30 (um milhão duzentos e quarenta e nove mil duzentos e quarenta e nove reais e trinta centavos). A quantia arrecadada destina-se a pagar créditos trabalhistas devidos aos ex-empregados da Bloch. A expectativa era de que os interessados fossem empresas de comunicação, instituições de pesquisa, universidades, bibliotecas ou de preservação da memória, como o Arquivo Nacional. Mas nenhuma instituição deste perfil apareceu.
Como não houve interessados, o leilão foi aberto para ofertas do tipo ‘quem dá mais’. O advogado Luiz Fernando Fraga Barbosa ofereceu, então, R$ 300 mil. O lance foi aceito, mas de forma condicional, como manda a lei. Ou seja, a oferta está sujeita à aprovação das partes envolvidas: a Massa Falida, a
Justiça, que conduz o processo de falência, e o próprio representante da empresa falida. Indagado sobre o que faria com um acervo de milhões de cromos, negativos e ampliações fotográficas, Luiz Fernando foi vago e limitou-se a dizer que comprou ‘para a família’ e não confirmou se representava alguém ou algum grupo”.
Como a União, em especial a Receita Federal e a Previdência são uns dos maiores credores da extinta Bloch, o governo bem que poderia resgatar todo este acervo e abater da dívida que a Bloch tem com ele. Todo mundo sabe que a União não vai ver a cor do dinheiro da massa falida da Bloch, pois o filé mignon, a TV e a rede de rádios foi transferida para a Rede TV e para a Nova Brasil FM, sem que houvesse benefício aos credores,em especial os antigos trabalhadores e o contribuinte.
Desta forma, ao resgatar esta história documentada, que precisa de dispendiosos processos de conservação, a União estaria resgatando para a sociedade brasileira um pouco de sua história e, por que não dizer, de seus impostos.
Quem teve a oportunidade de trabalhar na Manchete, sabe que Adolpho Bloch tinha um insuperável padrão de exigência em relação as fotos, que chegava a assustar qualquer fotógrafo. Quado lá estagiei como repórter de texto, em 1977, a primeira lição que aprendi do meu então chefe, Sérgio Ross - ele também um fotógrafo de formação - foi: "aqui na Bloch o lead é a imagem, é a fotografia".
Bem, todo este acervo foi a leilão, com um lance mínimo de R$ 1.249.249,30 (um milhão duzentos e quarenta e nove mil duzentos e quarenta e nove reais e trinta centavos). A quantia arrecadada destina-se a pagar créditos trabalhistas devidos aos ex-empregados da Bloch. A expectativa era de que os interessados fossem empresas de comunicação, instituições de pesquisa, universidades, bibliotecas ou de preservação da memória, como o Arquivo Nacional. Mas nenhuma instituição deste perfil apareceu.
Como não houve interessados, o leilão foi aberto para ofertas do tipo ‘quem dá mais’. O advogado Luiz Fernando Fraga Barbosa ofereceu, então, R$ 300 mil. O lance foi aceito, mas de forma condicional, como manda a lei. Ou seja, a oferta está sujeita à aprovação das partes envolvidas: a Massa Falida, a
Justiça, que conduz o processo de falência, e o próprio representante da empresa falida. Indagado sobre o que faria com um acervo de milhões de cromos, negativos e ampliações fotográficas, Luiz Fernando foi vago e limitou-se a dizer que comprou ‘para a família’ e não confirmou se representava alguém ou algum grupo”.
Como a União, em especial a Receita Federal e a Previdência são uns dos maiores credores da extinta Bloch, o governo bem que poderia resgatar todo este acervo e abater da dívida que a Bloch tem com ele. Todo mundo sabe que a União não vai ver a cor do dinheiro da massa falida da Bloch, pois o filé mignon, a TV e a rede de rádios foi transferida para a Rede TV e para a Nova Brasil FM, sem que houvesse benefício aos credores,em especial os antigos trabalhadores e o contribuinte.
Desta forma, ao resgatar esta história documentada, que precisa de dispendiosos processos de conservação, a União estaria resgatando para a sociedade brasileira um pouco de sua história e, por que não dizer, de seus impostos.
Realmente Chico, um absurdo esse acervo tão rico ficar à deriva, sem ter interessados pela sua aquisição. O rumo certo para esse acvervo seria o Museu da Image e do Som, no Rio. Atualmente estão construindo uma sede faraônica do museu em plena Av. Atlântica, em Copacabana. Poderia se reservar uma parcela mínimo desses recursos para adquirir esse acervo riquíssimo.
ResponderExcluirCélio Calmon
Chico,
ResponderExcluirfiquei triste com esta notícia. Eu trabalhei muitos anos na Bloch, em diversas revistas: Pais e Filhos, Desfile, Manchete, Casaviva. Se fosse em um país que valoriza a sua memória, uma empresa compraria o acervo, faria um museu e cobraria entrada para subsidiar a manutençâo e organizaçâo do acervo. Teria muito sucesso.
Acho que temos que fazer uma grande corrente. Acionar os contatos que temos em todas as instâncias. Ainda é tempo para que o governo reaja.
ResponderExcluirVamos lá, todo mundo, numa corrente.
Vamos escrever para nossos parlamentares, vamos escrever para o Ministério da Cultura, da Comunicação, EBC pra Deus e também pro Diabo.
Não podemos é ficar parado, pois este acervo ainda pode virar sucata em mãos inadequadas.
Museu Da Imagem e do Som, é isso, o acervo tem que ser devolvido, mesmo com indenização, o leilão foi feito de forma incorreta e é uma falta de respeito com os outros brasileiros não disponibilizar o acervo, mesmo de forma midiática, tô na luta. Oswaldo Alano Scipião Moreira.
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