domingo, 4 de abril de 2010

Grupo português Ongoing compra os jornais do Grupo O Dia

Do M&M Online

Menos de três meses após a presidente do Grupo O Dia, Gigi de Carvalho, anunciar seu afastamento do cargo, em 13 de janeiro, o grupo português Ongoing comprou o parque gráfico e os jornais O Dia, Meia Hora e Campeão. Um negócio estimado em R$ 75 milhões. Após due diligence em curso, a previsão dos envolvidos é de que o negócio seja finalizado em dois meses.
Desde a morte de Ary de Carvalho em 2003 e o afastamento de seu braço direito Fernando Portella, o jornal O Dia vem perdendo espaço no mercado carioca em meio ao conflito entre as herdeiras Gigi, Eliane e Ariane de Carvalho.
Fundado nos anos 50 pelo ex-governador paulista Adhemar de Barros, foi através do governador fluminense Chagas Freitas que o jornal se consagrou no segmento popular. Em 1983, Ary Carvalho comprou o título e o fez viver seu melhor período nos 20 anos em que controlou o título, chegando a liderança de circulação no Rio de Janeiro.
As rádios MPB FM e FM O Dia, controladas pelas herdeiras do Grupo O Dia, não entraram no negócio com o Ongoing. Ariane continuará a frente da MPB FM, da qual é sócia controladora, enquanto as irmãs Gigi e Liane ficam com a FM O Dia, onde dividem o comando. Os jornais e a gráfica eram os únicos negócios que tinham as três como sócias.
O grupo Ongoing passou a atuar no País em outubro do ano passado, com o lançamento em São Paulo do jornal Brasil Econômico, que segue os moldes do seu principal título impresso do mercado português, o Diário Econômico. Outros alvos teriam sido a Gazeta Mercantil e o Jornal do Brasil, mas o caos financeiro no qual mergulharam os títulos desde que Nelson Tanure assumiu o controle esfriou o ânimo dos portugueses. Já com O Dia a negociação fluiu bem, facilitado pelo desejo das herdeiras em se desfazerem do negócio, conforme adiantou reportagem do M&M Online no dia 13 de janeiro (veja aqui).
Se, por um lado os títulos adquiridos pelo Ongoing têm pouca sinergia editorial com o Brasil Econômico, por outro a operação logística agora disponível no Rio de Janeiro pode ajudar o jornal de economia a aumentar sua presença junto ao público qualificado. Além disso, de posse dos jornais do Grupo O Dia, o Ongoing estudaria a viabilidade de lançar em São Paulo o popular Meia Hora, vendido atualmente no Rio por R$ 0,70 - o que poderia praticamente inaugurar um mercado inexistente na capital paulista, onde proliferaram os gratuitos, mas que tem rendido ótimos resultados em outras capitais brasileiras.
O Ongoing também mantém o plano de lançar um jornal em Brasília - tendo como referência o Washington Post. Embora tenha sido retardada - a previsão inicial era de início de circulação em maio -, a iniciativa pode agora ser agilizada, especialmente porque o negócio com o Grupo O Dia demonstra a disponibilidade de caixa dos empresários portugueses, que também não escondem seu interesse no mercado brasileiro de televisão - notícias de bastidores relatam encontros com a Band e a Rede TV, sendo mais frutíferos com a segunda.
Em Portugal, o Ongoing havia separado 120 milhões de euros para a compra do um terço da TVI, participação esta atualmente pertencentes ao Media Capital, sócio minoritário do negócio controlado pelo grupo espanhol Prisa. Entretanto, a entidade reguladora da comunicação social em Portugal condicionou a entrada do Ongoing na TVI à venda dos 20% que o grupo detém na SIC, concorrente da TVI. Diante do impasse em Portugal, o Ongoing tem mais disponibilidade de caixa para investir no Brasil.

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