sábado, 2 de janeiro de 2010

SUPER 8 – TAMANHO TAMBÉM É DOCUMENTO estreia dia 4/1 no Canal Brasil

Série dirigida por Clovis Molinari Jr. resgata imagens raras dos anos 70 e 80 gravadas no formato Super-8

Resgatar um estilo cinematográfico praticamente esquecido do grande público é a proposta do diretor Clovis Molinari Jr. em “Super-8 – Tamanho Também é Documento”, que estreia no dia 4 de janeiro, à meia-noite, no Canal Brasil. Em 13 episódios, a série mostra imagens raras e inéditas de filmes gravados em Super-8, formato cinematográfico que surgiu em meados dos anos 60 e inspirou cineastas como Quentin Tarantino, Roman Polanski, Pedro Almodóvar, Ivan Cardoso e Glauber Rocha.

O programa traz uma seleção de produções do final dos anos 1970 e a metade dos 80, período de grande agitação cultural, ditadura militar e guerra fria. Os filmes gravados no formato Super-8 se popularizaram entre as famílias brasileiras por possibilitarem gravações amadoras de baixo custo e boa qualidade, mas logo começaram a fazer sucesso entre cineastas, estudantes e artistas plásticos interessados em fazer um cinema underground, fora do circuito comercial das salas de exibição. O Super-8 funcionou como uma válvula alternativa para quem teve que enfrentar a repressão e a censura que marcaram esse período.

De 1.800 minutos de super-8 convertidos para vídeo, foram produzidos 13 episódios, cada um com duração de 25 minutos. Reunidos em episódios temáticos, o programa debate questões como a história do formato, os cinemas doméstico, político e experimental, além de mostrar obras de diretores brasileiros praticamente desconhecidos do grande público. De filmagens domésticas às imagens captadas nas ruas (imagens de protestos, conflitos com a polícia e eventos importantes do processo de redemocratização); do documentário à ficção, da banalidade do dia-a-dia aos momentos que entraram para a História, cada episódio traz filmagens nunca exibidas na televisão brasileira.

Há preciosidades como um desenho animado feito diretamente na película, como fazia o pioneiro MacLaren, escocês radicado no Canadá. Outro episódio é dedicado a Jessie Jane, guerreira que foi mantida por uma década encarcerada no presídio Talavera Bruce nos anos de chumbo. Com a filha e o marido, Jessie é mostrada em um raro filme super-8 em sua cela feito clandestinamente. É um tipo de filme doméstico muito diferente do lar-doce-lar do cinema caseiro das famílias de classe média. O filme é um exemplo do quanto o super-8 foi importante nos anos 70 para revelar as condições de vida e de resistência ao totalitarismo, algo jamais mostrado pelo cinema profissional que vivia sob forte censura. Outro flme é o velório do cineasta Glauber Rocha, repetindo a experiência desenvolvida pelo cineasta baiano em "Di-Glauber", sobre o caixão do pintor Di Cavalcanti. O filme "A Degola Fatal" é parte do episódio sobre Glauber Rocha, que tem ainda uma apresentação da filha Ava Rocha em show no Tempo Glauber, uma demonstração de que o espírito Glauberiano permanece vivo. A derrubada do histórico prédio na UNE na Praia do Flamengo é outro registro único exibido no programa. Há ainda a apresentação de filmes de cineastas nacionais que produziram obras singulares em super-8, como Jorge Mourão, José Araripe Jr., Rudi Santos, Edilson Plá e Maurício Lissovsky.

Clovis Molinari Jr. conta que a ideia para a atração surgiu quando ficou responsável pela guarda de um grande arquivo de filmes do formato super-8 no Arquivo Nacional. “Espero que o programa ajude a entender um tipo de cinema e a sua época; revelar filmes que até hoje estão desconhecidos do grande público, e que apareçam cineastas e anônimos que nunca tiveram a chance de mostrar suas gravações”.

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