quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Crise: "Cobrar pelo conteúdo online não é a solução para jornais

Por Bárbara Sacchitiello, do M&M Online, em 28/10/2009

"A publicidade não está avançando no mesmo ritmo da audiência no universo digital. Mesmo assim, cobrar pelo conteúdo que é oferecido via online não é o caminho para nenhum meio de comunicação". A afirmação categórica do gerente de novas mídias do Grupo Clarin, Marcos Foglia, ilustra bem a essência com a qual o grupo de mídia vem conduzindo seus negócios no país e despontando como um dos principais cases de integração de conteúdo em toda a América Latina.
Em palestra ministrada durante a terceira edição do Seminário de Jornalismo Online promovido pela Terra e pelo Itaú Cultural, o jornalista falou, nesta quarta-feira, 28, em São Paulo, sobre os desafios de balancear a equação entre conteúdo de qualidade na web e arrecadação de receitas publicitárias. Para ele, o mercado de publicidade e de mídia vivem um momento de transição e a tendência é de que, naturalmente, as verbas empregadas nos meios tradicionais migrem para os conteúdos online. "A mudança cultural é a parte mais difícil desse processo. Mas essa nova realidade será incorporada a rotina de trabalho dos jornalistas, das agências de publicidade e dos anunciantes", aposta Foglia.
Apesar do otimismo em relação ao futuro do jornalismo online, o executivo do Clarin não deixou de ressaltar os atuais índices que revelam a distância abissal existente entre o consumo de conteúdo online e da participação da web na fatia do bolo publicitário. De acordo com dados apresentados por ele durante o painel, a projeção é de que somente 10,7% de toda a quantia investida em publicidade nos Estados Unidos em 2010 seja direcionada a internet. Na América Latina essa porcentagem é ainda menor - menos de 3%.

O gigante argentino se moderniza

Foglia também aproveitou a palestra para contar ao público brasileiro um pouco sobre a estrutura e o modo de trabalho do Clarin, o maior grupo de mídia da Argentina. Com raízes firmes nas mídias tradicionais, o grupo foi obrigado, nos últimos anos, a repensar as suas estratégias e olhar para o futuro. Atualmente, a marca Clarin conta com dezenas de sites, canais, rádios e demais meios de comunicação em seu portifólio, com grandes destaque para os canais online. Dos 20 sites mais acessados na Argentina atualmente, dez fazem parte do grupo de mídia."Não dá para competir com a agilidade das mídias sociais e dos canais online. Estamos tentando reformular a maneira de pensar da nossa redação. O que antigamente atualizávamos em 24 horas, hoje fazemos em 24 segundos", ilustra o gerente de novas mídias.
Apesar disso, Foglia deixa bem claro que a preocupação com os fundamentos de base do jornalismo e que a qualidade do conteúdo pautam as decisões e estratégias do grupo argentino. "Por mais que as novas mídias tenham transformado a realidade, o jornalismo ainda é e sempre será feito de uma única coisa: de boas histórias", finaliza.

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