quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Antena: o calcanhar de aquiles da TV digital

Por Cristina De Luca, da Convergência Digital, em 17/08/09

Na sexta-feira, no início da noite, a TV Justiça levou ao ar, no programa Fórum, uma conversa franca sobre TV Digital com consultor jurídico do Ministério das Comunicações, Marcelo Bechara, e o professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília Ricardo Queiroz. Em determinado momento, o apresentador perguntou: "A TV Digital levará ao fim das antenas? As antenas vão continuar pelos próximos dez anos?"
Para minha grata surpresa, tanto Bechara quanto Ricardo Queiroz assumiram a existência do que têm sido dois dos maiores problemas da TV Digital hoje: o sinal, nem sempre potente o suficiente para permitir o uso de antenas internas como as instaladas em conversores mais modernos, que chegaram ao mercado nos últimos meses; e o desconhecimento da população da necessidade de uso de antenas UHF para uso adequado dos conversores.
"Não podemos negar um fato muito comum, que vem acontecendo no Brasil inteiro. O consumidor compra o conversor, leva para casa, instalada sem a antena e reclama que ele não funciona", comentou Bechara.
"A TV digital é televisão aberta. Precisa de antena. Acontece que algumas antenas mais antigas, que só pegam o VHF, não conseguem pegar o canal de TV Digital", explicou Bechara. "Muitas vezes, a antena UHF interna resolve o problema. Há localidades, até no interior de São Paulo, onde os conversores mais modernos, que já têm essas antenas embutidas, funcionam perfeitamente bem. Mas realmente, há locais onda há a necessidade do uso de antenas externas", disse o consultor.
"Aqui em Brasília os conversores internos não estão dando conta", completou o professor Queiroz. "É uma questão de potência do modulador, lá na estação transmissora. Quanto mais tecnologia para proteção do sinal a emissora usa, para evitar problemas de sincronismo, por exemplo, menos alcance o sinal tem. E há a necessidade de uso de antenas UFH externas", explicou. "Mas acredito que, com o tempo, e a evolução tecnológica, a antena interna dê conta e a gente deixe de ver um monte de antenas no teto das residências."
Tive duas conversas interessantes nas últimas semanas sobre o tema. A primeira, presencial, no Rio, com Márcio Nunes, professor de Comunicação Áudio-Visual e Tecnologia Aplicada à Comunicação do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, membro do Instituto de Mídias Digitais da universidade, sobre o qual já falei aqui.
Márcio já foi um entusiasta da TV Digital. Hoje, como todo bom acadêmico (mas justamente por conta da veia de empresarial que pulsa alto na Solução Digital e, mais recentemente, na Bitix), acredita mais na Social TV e na IPTV como modelos tecnológicos e econômicos viáveis no longo prazo. E justifica a quase desilusão, lembrando dos muitos percalços da implantação da TV Digital, no Brasil e no mundo.
"Corremos o risco de cair no descrédito, com a população comprando o conversor, levando para casa e não conseguindo usar por conta do despreparo dos vendedores que não informam corretamente. Ninguém, na hora da compra, diz que você precisa de uma antena diferente daquela que tem em casa para usar o conversor", me disse.
Depois dessa primeira conversa, confesso que o assunto "antenas" começou a me chamar atenção. Não tinha me dado conta do tamanho do problema, até então. Me lembrei de ter sido apresentada virtualmente pelo Helio Rosa, mantenedor da comunidade Wireless Brasil, ao professor Carlos, que dá cursos para técnicos instaladores de antenas na Escola Schema Cursos Técnicos, ali na região da Santa Ifigênia, em São Paulo. Mandei uma série de perguntas para ele, que respondeu prontamente.
O professor Carlos concorda que a falta de informação tem prejudicado até o trabalho dos antenistas profissionais. Só os que participaram dos treinamentos promovidos inicialmente pelo Fórum SBTVD sabem que os canais com sinais digitais estariam em Banda UHF. E que, portanto, seria preciso uma antena UHF para receber esses sinais.
"De um modo geral a antena interna nunca terá uma boa recepção para todos os canais", explicou. "Também devemos tomar cuidado com as tais antenas "especiais para TV Digital" que alguns espertalhões estão vendendo. As antenas que devemos usar são as comuns, para UHF. De preferências, as chamadas de antenas banda IV, banda V ou toda banda. Essa ultima usada para locais perto das transmissoras".
Segundo ele, antenas UHF BANDA IV são adequadas para recepção dos canais de 14 a 32. As BANDA V, para os canais 33 a 69. E TODA BANDA, para os canais de 14 a 69.
Caso sua cidade já esteja coberta por sinais digitais, procure verificar em que canal a emissora ou as emissoras estão transmitindo. Depois adquira a antena mais indicada.

Ah! Mais dois detalhes importantes:
1 - lembre-se que o cabo da antena é o condutor desse sinal. Portanto deixe-o passar livremente. Adquira cabos de boa qualidade (RGC59, RGC6, etc);
2 - quando o sinal no local não é suficiente, a TV Digital mostra uma tela azul como a das TVs a cabo, sem nenhuma imagem. Nem mesmo chuviscos.

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