quarta-feira, 27 de maio de 2009

Forum TVs Públicas 1: Reivindicado instituto para qualificar audiência da TV pública

Por Gilberto Costa da Agencia Brasil

Entidades que representam 2.200 emissoras e retransmissoras de rádio e TV estatais, educativas, universitárias, legislativas e comunitárias de todo o país querem que seja criado um instituto de pesquisa para medir o desempenho de emissoras públicas. A proposta esteve em discussão na tarde de hoje (26) durante debate no 2º Fórum Nacional de TVs Públicas, na Câmara dos Deputados. O evento contou com apoio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

De acordo com o ex-presidente da TV Cultura de São Paulo Jorge Cunha Lima, a criação de um instituto é importante para definição de marcos conceituais da comunicação pública e para subsidiar a criação de novas leis para o setor, uma vez que a legislação em vigor foi elaborada há mais de 40 anos, sob outro gabarito tecnológico e no início do regime militar.

"Vivemos na ilegalidade cívica. Estamos em uma confusão jurídica que precisa de esclarecimento." Na opinião de Cunha Lima, a criação do instituto pode articular sociedade, produtores de TV e a pesquisa universitária.

Se entrar em funcionamento, o órgão também fará a avaliação da performance da programação e da audiência com metodologias de pesquisas diferentes das disponíveis atualmente para o mercado publicitário e para as televisões comerciais.

Segundo Cunha Lima, muitas pesquisas estão restritas à instantaneidade de audiência na Grande São Paulo. "Nós não vamos procurar mais audiência ferindo a qualidade da programação", garantiu Cunha Lima que acredita que a TV pública deva se dirigir a "segmentos da população" e não a uma audiência ampla como acontece nas grandes emissoras comerciais.O cientista político Carlos Novaes também defendeu a criação do instituto de pesquisa para o qual também projeta a realização de estudos mais abrangentes e aprofundados. "Temos que ampliar a superfície de contato da medição com a sociedade?, defendeu.

Para Novaes, a audiência "não é um corpo determinado", mas em transformação. Segundo ele, a TV comercial no Brasil está perdendo audiência em função da ascensão social de camadas da sociedade (que antigamente não tinham dinheiro para lazer no fim de semana fora de casa) e por causa da internet. A nova mídia eletrônica está associada ao público mais jovem. "Nunca tivemos tanto jovens", disse citando que há 53 milhões de brasileiros entre 15 e 29 anos.

Carlos Novaes acredita que a TV pública deve provocar a audiência e avaliar o que o público quer de novidade, por isso o instituto deve inovar na metodologia de pesquisa - mensurando por exemplo o prestígio e a penetração com formadores de opinião. Ele calcula que a implantação de um novo modelo de medição possa custar R$ 8 milhões e o orçamento anual do instituto de pesquisa seja de cerca de R$ 6 milhões.

Além de Carlos Novaes e Jorge Cunha Lima, participaram do debate a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), Adílson Ruiz (diretor de programas e projetos audiovisuais do Ministério da Cultura) e Arnaldo César Jacob, presidente da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) que mantém contrato de gestão com a EBC para a produção de conteúdo da TV Brasil. Todos os participantes apoiaram a criação do instituto."

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