quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Musical recupera a Era de Ouro do Rádio brasileiro

Por Chico Sant'Anna


Uma trupe de Brasília se lançou no desafio de recuperar para o teatro um pouco do que foi a era de ouro de No tempo de Noel Rosa, o musical. Quando o ator Gilson Montblanc, que pessoalmente teve experiências em rádio comunitária, decidiu escrever o roteiro, tomou por base a biografia homônima de Almirante, que era grande amigo de Noel Rosa, ou seja, o texto narra toda a vida do compositor de forma não-linear e recria o clima carioca da Era do Rádio.
Os dados históricos que compõem o espetáculo servem de apoio para retratar um Noel Rosa enquanto pessoa e não do mito musical. Segundo o ato e roteirista Gilson Montblanc – que é habitué do casarão do samba da Escola de Samba, Aruc, em Brasília, o musical é o primeiro a ser realizado aqui em Brasília tendo o samba como foco.
Coincidência, ou não, a homenagem a Noel acontece poucos meses antes de Brasília ser lembrada na Sapucaí pela Escola de Samba Vila Isabel (escola do Noel Rosa) pela passagem do seu 60º aniversário será homenageada.
A peça
O espetáculo é uma oportunidade de conhecer o universo do compositor e sambista Noel. Ele que teve papel de importância para a transição da música popular brasileira. A plateia poderá visitar o que foi o cenário carioca daquela época, já que o cenário será inspirado nos Arcos da Lapa, bairro onde Noel Rosa compôs grande parte de suas obras.

Na trilha sonora estão presentes sucessos como “Fita Amarela”, “Com que Roupa”, “Vamos falar do Norte”, “O orvalho vem caindo”, “Conversa de botequim” e marchinhas de carnavais cantadas pelo cantor e compositor Braguinha.
A peça será encenada ao longo dos meses de novembro e dezembro nos barracões das duas principais escolas de samba de Brasília, Aruc e Acadêmicos da Asa Norte e teatros do Plano Piloto, Taguatinga, e Samambaia.

           
Serviço: 
Peça: No tempo de Noel Rosao musical
Companhia: Cia Teatral Hablado
Autor: Gilson Montblanc

Direção: Rai Melodia


Elenco:
Carlos Neves (Almirante), Gilson Montblanc (Ademar Casé), Marcelo Felga (Braguinha), Yago Queiroz (Cartola), Sérgio Souza (Wilson Batista), Revacy Moreira (Aracy adulta), Júlia Sagatiba (Aracy jovem), Daniel Fernandes (Violão e voz), Jane Azevedo (Ceci), Mônica Fernandes (Margot), Sara Lima (Neyde), Marcelo Dorini (Severino) e Cris Santos (Neidoca)
Iluminação e sonoplastia: Albergue D’Lima
Datas:
  • 09 novembro/19 às 20h, no Teatro da Praça – Taguatinga
  • 10 novembro/19 às 15h, na Escola de Samba Acadêmicos da Asa Norte
  • 16 e 17 de novembro/19, às 20h no Brasília Shopping
  • 23 e 24 de novembro/19, às 20h no Teatro Mapati – Asa Norte
  • 08 dezembro, às 16h na Aruc – Cruzeiro Velho
  • 13 dezembro. Às 21h Complexo Cultural Samambaia



Informações: CiaTeatralHablado@gmail.com ou pelos fones 61 99827-8553 (Gilson) ou 61 98334--1333 (Rai)


sábado, 5 de outubro de 2019

A Liberdade de Imprensa e o Blog Gama Livre



Taciano Lemos edita o Gama Livre desde 2009. Diferentemente de muitos blogs
que circulam no ciber espaço, esse não tem rabo preso com ninguém, nem
está sujeito a verbas públicas de propaganda.
A falta de sutileza dos despersonalizados ofensores gratuitos da coragem do Gama Livre não consegue esconder a realidade que avulta em sobra ante a pequenez do discurso ofensor.


Por Salin Siddartha

O Blog Gama Livre e o seu editor, Taciano Lemos, vêm sendo alvos de ataque e ameaças por parte de pessoas que não prezam a liberdade de expressão alheia nem o sagrado respeito ao Estado de direito a que gente de bem deve submeter-se. A agressão à iniciativa do cidadão argumentar e expor pontos de vista próprios deixa a cidadania à margem da atuação cívica, em nome da arrogância do neofascismo que, infelizmente, está pontuando o cotidiano de nossa sociedade. É que os poderosos de plantão não veem com bons olhos os blogueiros independentes que exercem o sagrado dever de criticar os desmandos e omissões dos governantes. E, como a extrema-direita compensa sua incompetência argumentativa, sua falta de legitimidade intelectual que não pode marcar presença no terreno da crítica, seja no campo editorial seja no território das mídias tradicionais, usa a via das redes sociais para palrar vitupérios.
Para quem não negocia a dignidade, é preferível morrer a viver humilhado, e o acoitamento na covardia não se coaduna com o espírito combativo dos defensores das causas libertárias, e, nos tempos quando os soldados não são patriotas, os patriotas têm de ser soldados. É o caso de Taciano Lemos, um honesto militante da verdade que denuncia as violações, os erros, a falta de compostura, as mentiras e os atentados à honra nacional que o governo ultradireitista encastelado no Planalto e seus asseclas perpetram todos os dias. E, por essa razão, ele vem pagando o alto preço que lhe cobra a plebe ignara defensora da ideologia oficial.
A insignificância pensante dos despreparados fanáticos do bolsonarismo quer a população brasileira comportando-se como “carneirinha”, e os blogueiros brasileiros que se põem ao lado da defesa dos direitos da população correm risco de sofrer o cumprimento das ameaças que lhes assacam os medíocres que, sem capacidade de concatenar um raciocínio, partem para o insulto pessoal, brandindo o terrorismo psicológico típico das formas intimidatórias.
Há um ditado chinês que diz que “não consegue o elefante esconder-se atrás de um arbusto”. Assim também a falta de sutileza dos despersonalizados ofensores gratuitos da coragem do Gama Livre não consegue esconder a realidade que avulta em sobra ante a pequenez do discurso ofensor: no foco, fita-se fácil o contorno desgrenhado da tropa de Bolsonaro e a fórmula fácil de reduzir a meros grunhidos e palavras de baixo calão o que deveria ser um discurso concatenado. Mas Taciano e o seu Blog provam que o Brasil não está morto, que é possível resistir às milícias bandas por mais fortes que elas possam parecer. E Taciano Lemos resiste! E nós também resistimos junto com ele, em apoio mútuo.
Hoje, sexta-feira, 4 de outubro, à noite, haverá Ato Cultural em Apoio ao Blog Gama Livre e à Liberdade de Imprensa. Dependendo da hora em que você esteja lendo este artigo, pode ser que o evento já tenha acontecido. Não importa. O fundamental é sentir-se parte do corpo que reage ao insulto do neofascismo à normalidade democrática do nosso país.
Os soturnos corvos que voam na escuridão política do Brasil tentam calar a voz de quem não se submete às ameaças ou às seduções dos oligarcas. Também são inúmeros os “recados” para tentar amedrontar jornalistas que exercem seu dever diuturno de arautos da sociedade, contudo o direito de opinião não pode ser empeçado pelo medo do governante de ser exposto em sua nudez política ante a verdade dos fatos. Entrementes, não olvidaremos de prestar atenção aos sinais sutis ou ostensivos provindos de possível covardia ameaçadora à liberdade de formar e informar à população.
Sabemos que os bolsomimions são maus ouvintes e péssimos leitores: não gostam de escutar os outros falarem nem ler o que se escreve. Todavia, por maior que seja a ameaça ou o atentado, os seres humanos continuam agindo para mudar a injusta situação em que se vive, atuando em diversas frentes, desde a periferia das grandes cidades de nossa pátria, noticiando, lutando, apurando os fatos, recuperando a verdade, advogando, nos movimentos populares, criando e mudando o que tem de ser mudado, fazendo o enfrentamento em defesa do socioambientalismo, da economia sustentável, como ribeirinhos, indígenas e quilombolas, numa onda avassaladora coberta de heroísmo e heróis anônimos inspirados na implacabilidade da História.
É notável que, ao violar-se a liberdade de expressão de uma pessoa, viola-se o direito da sociedade como um todo. Então, não é a liberdade do blogueiro Taciano Lemos que se torna cerceada, mas a de todo brasileiro que, não tendo meios de declarar sua opinião, tem no Blog Gama Livre seu porta-voz. Não se pode transformar em cego, surdo e mudo aquele que enxerga e ouve bem a realidade e não tem receio de externar sua perplexidade ante a falta de seriedade de quem está no exercício do poder. Por isso, é bom que saibam os transgressores da verdade que estão arriscando-se muito ao ofender um verdadeiro herói – sim, herói, mas não indefeso, e, mesmo que o fosse, indefeso e desprovido de honra não são sinônimos.
Diversas situações históricas foram capazes de inspirar heroísmo no Brasil. Hoje, não tenho dúvidas ao afirmar que, tal qual o idiota que ergue uma grande pedra com as próprias mãos acima da cabeça para depois deixa-la cair sobre seus próprios pés, assim também o bolsonarismo tece em fios de arbítrio a roupa do heroísmo que cobrirá de honra pessoas como Taciano Lemos e blogs como o Gama Livre.

MEXEU COM UM! MEXEU COM TODOS!
Cruzeiro-DF, 4 de setembro de 2019
SALIN SIDDARTHA


Fotógrafa Valda Nogueira morre atropelada no Rio


Povos, territórios, ancestralidade e cultura são os temas centrais de seus projetos experimentais e documentais

Texto / Lucas Veloso* | Ediçao / Pedro Borges | Imagem / Carolina Oliveira, do sitio Alma Preta
Nesta madrugada (4), morreu a fotógrafa Valda Nogueira, vítima de uma hemorragia interna. Nas primeiras horas do dia, ela deu entrada hospital municipal Miguel Couto, no Rio de Janeiro, após ter sido atropelada por um ônibus enquanto andava de bicicleta. A fotógrafa, de 34 anos, fraturou a bacia e passou por uma cirurgia de emergência, mas os médicos não conseguiram controlar a hemorragia.
Valda Nogueira cursou a Escola de Fotógrafos Populares em 2012 e em 2013 fez o curso Fotografia, Arte e Mercado, ambos no Observatório de Favelas, na complexo da Maré. Atualmente, desenvolvia trabalhos com fotografia documental. Ela também era estudante da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), onde cursava Artes Visuais. Desenvolvia projetos no coletivo Farpa, na plataforma Women Photograph e no Diversify Photo, MFON Women e Fotografia, Periferia e Memória.
*Colaborou Júlio Cesa
Veja aqui artigo sobre o trabalho de Valda:

Conheça aqui o trabalho da fotógrafa: